Setenta orientadores educacionais da rede municipal de educação de Nova Iguaçu participaram, na terça-feira (1º), de um debate sobre violência na família, na sociedade e nas escolas. O encontro, realizado na Casa do Professor, sede da Secretaria Municipal de Educação, foi mais uma ação do Projeto ‘Sementes da Paz’, promovido pelo Departamento de Ações Pró-Sustentabilidade (Deape), do Tribunal de Justiça (TJ) do Rio de Janeiro, em parceria com a Escola de Governo da Prefeitura de Nova Iguaçu. O encontro serviu também, para os participantes contarem um pouco de suas experiências com os estudantes em sala de aula depois de participarem do projeto, que tem entre seus objetivos propiciar aos professores refletirem sobre violência doméstica e os prejuízos no desenvolvimento emocional dos alunos e na formação dos futuros cidadãos.
Professora do Centro de Educação Especial Paul Harris, Gisele Conceição Moura, revelou que o aprendizado no ‘Sementes da Paz’ já trouxe bons resultados em sala de aula, com alunos mais disciplinados e com comportamento menos hostil. Ela explicou que iniciou o projeto com crianças do 4º ano, alunos repetentes e com dificuldades comportamentais e de aprendizagem, apresentando nas aulas vídeo que fala sobre o encadeamento de uma atitude agressiva.
“Refletimos sobre como ter comportamentos mais assertivos para evitar casos violentos como xingamentos, intolerância religiosa e questões raciais. Fizemos um trabalho artístico, com dobraduras em formato de pombas que foram penduradas na entrada da sala de aula. Os alunos se ajudaram e colocaram em prática sua criatividade. Percebemos diferenças na relação entre eles e no trato com os professores”, comentou Gisele.
“O Sementes da Paz é um dos programas mais importantes que a Prefeitura realiza, pois temos que trabalhar nas escolas as questões de violência, como o bullying, mutilação e suicídio, por exemplo, que afeta pais, alunos e professores”, disse a secretária executiva da Escola de Governo da Prefeitura de Nova Iguaçu, Rojane Calife Jubram. Ela explicou que, até as mídias sociais preocupam, pois levam muitos jovens a atitudes violentas. “Temos que trabalhar a cultura da paz. Hoje, infelizmente muitos pais não olham no fim do dia o histórico dos filhos nas redes sociais. Isso é importante. Fazemos este trabalho há cerca de um ano para que as pessoas reflitam sobre a forma não violenta de tratar o outro”, comentou. Ainda segundo ela, Nova Iguaçu saiu na frente ao fazer esta parceria com o Tribunal de Justiça, que vai continuar no próximo ano.
“O único município da Baixada e pioneira neste trabalho com o TJ é a cidade de Nova Iguaçu. Em 12 de novembro, faremos a culminância de todos os projetos que estão sendo desenvolvidos nas 70 escolas municipais participantes e todos vão poder ver o belo trabalho apresentado nas unidades”, afirmou Rojane.
De acordo com Márcia Fayad, psicóloga do Departamento de Ações Pró-Sustentabilidade (Deape), do TJ, Nova Iguaçu já está apta a trabalhar com a questão da violência, que começa dentro de casa. “A Prefeitura de Nova Iguaçu abraçou esse projeto com excelência e estamos vendo os resultados já nas escolas. Na primeira etapa passamos todo o conteúdo e como ter um olhar que possa transformar e não criticar ou julgar. Nova Iguaçu já tem essa rede de proteção com a saúde, educação e assistência social, oferecendo mais recursos no atendimento às famílias e às crianças. O alvo não é só os alunos, mas também os pais. Temos condições de estar identificando casos de violência o mais rápido possível para fazer uma intervenção”, disse a psicóloga.
Professora da Escola Municipal Douglas Brasil, Leila Maria Ribeiro Cardoso, anunciou que a unidade vai lançar a campanha educativa ‘Mais abraços e menos WhatsApp’. “As crianças precisam de mais abraços e carinho. Muitos arrumam brigas pelo aplicativo colocando apelidos, fazendo bullying. A ideia é que se desconectem das redes sociais um pouco e prestem mais atenção no colega. Já participei de duas palestras do semestre da Paz e esse curso me capacitou bastante. Este projeto pode trazer um novo olhar para nossos alunos entenderem que a paz que tanto desejam pode e deve partir deles”, disse ela.
A secretária Municipal de Educação, Maria Virgínia Andrade, e a coordenadora do Conselho do Programa Nova Iguaçu Solidário, Erika Ammon, também participaram do encontro. Erika falou aos professores sobre o programa “Rede Saedas – Proteção Integral à Criança e ao Adolescente”, que está levando atendimento médico pediátrico e assistência social a todos os alunos da rede municipal de Educação. Cinco ônibus equipados com consultórios estão percorrendo os bairros da cidade para atender as escolas municipais da localidade. A rede municipal conta com aproximadamente 65 mil estudantes espalhados por 141 escolas. O projeto Sementes da Paz foi criado pelo Tribunal de Justiça em 2015 e tem entre seus objetivos oferecer aos professores maior capacitação na área de Violência Doméstica, a partir de palestras e grupos reflexivos, objetivando o desenvolvimento de um olhar crítico e preventivo na educação dos alunos que vivenciam a violência doméstica.