No dia 13 de fevereiro serão divulgados os resultados do Enem. Com essa nota, os candidatos poderão concorrer a vagas de graduação em universidades públicas. A espera pelo resultado, costuma gerar ansiedade nos jovens, ainda mais por ser um momento tão importante de tomada de decisão sobre o futuro profissional.
Se o aluno conquistar a vaga para o curso sonhado, o momento é de fazer a matrícula e comemorar. Caso não tenha um bom resultado, a solução é recarregar as baterias, rever os equívocos passados e cair dentro dos estudos em 2023.
Existe, ainda, um terceiro cenário bem comum. Na hipótese de o jovem não ter alcançado a performance imaginada, mas, ainda assim, tenha uma boa pontuação, ele poderá escolher uma graduação da mesma área, mas que exija um número de pontos menor. Mas aí vem a pergunta que não quer calar: o estudante segue a carreira permitida pela nota ou continua perseverando no grande sonho?
A psicóloga Stephanie Iglesias, do Elite Rede de Ensino, ajuda a destrinchar tal questão. Na visão da profissional, há muitas variáveis no questionamento e o primeiro ponto a ser pensado é a realidade de cada um. “Se o estudante tiver tempo hábil, apoio e recursos financeiros para aguardar mais um ano em um novo vestibular, talvez essa seja a melhor opção visando o seu sonho e o seu desejo. Mas se não encontrar essa possibilidade, a sugestão mais indicada é iniciar os processos com o curso semelhante, se adaptando a essa nova realidade, aceitando-a de forma pacífica e, a partir disso, criar subsídios para buscar o seu sonho novamente”, afirma a psicóloga pós-graduada em gestão e administração escolar.
De acordo com Stephanie, caso o jovem escolha a segunda opção mencionada haverá a necessidade de resiliência, dedicação e determinação, pois além de estudar para as matérias da faculdade, ele deverá destinar tempo na sua rotina a fim de se preparar para o próximo vestibular.
O entendimento do contexto atual norteará esse processo, porém é importante ter em mente as alternativas que vão além do momento do vestibular após a escola. “Existem muitos casos de sucesso nos quais o indivíduo fez a faculdade que não era a sua primeira opção, finalizou o curso, trabalhou na área e com essa renda investiu no seu sonho e, após alguns anos, exerceu o seu desejo”, explica a psicóloga.
A escolha profissional demanda um nível significativo de autoconhecimento. “O adolescente que presta o vestibular ainda está nesse processo de construção. Ter paciência com essa etapa e autocompaixão fará toda diferença para que esse momento seja o mais positivo possível. Além disso, trabalhar táticas de autoconhecimento e fortalecer a sua rede de apoio serão pontos fundamentais”, conta Stephanie.
Persistência é palavra de ordem
Kaio Lucas, de 20 anos, é um grande exemplo de persistência e convicção quando o assunto é carreira. O estudante fará, em 2023, o quarto vestibular para Medicina. Ele cursou Biologia no IFRJ (Instituto Federal do Rio de Janeiro) e trancou no final de 2022, no terceiro período. “Precisava dar um gás no Enem e na UERJ do ano anterior, pois senti que caí um pouco. A faculdade não estava deixando eu me dedicar muito para o vestibular. Gosto bastante de Biologia, trabalharia como Biólogo, mas quando decidi iniciar foi muito por impulso, pela ansiedade de entrar em uma universidade”, revela o aluno que fez o ensino médio no Elite e vai fazer o curso pré-vestibular também por lá.
Aos 16 anos, Lucas já tinha decidido por ser médico. “Sempre tive prazer em ajudar o próximo, com um sentimento muito bom nas ações que envolvia me doar a alguém. Juntando essa característica com o gosto pela Biologia, desde cedo, decidi que queria cursar Medicina. Não tinha dimensão do desafio que iria enfrentar, mas, hoje, não me vejo abrindo mão dessa escolha”, diz.
O estudante não hesita ao comentar sobre sua preparação e se vê muito perto da sonhada aprovação. “Cheguei a um nível de conhecimento muito bom em quase todas as disciplinas, só preciso melhorar em Matemática e Física e tenho certeza de que a aprovação vem. Fiquei empolgado com a volta do vestibular tradicional da UERJ em 2023 – com aplicação de dois exames de qualificação e um exame discursivo, minha faculdade dos sonhos. Sempre quis esse modelo de prova, porque eu sou muito bom no formato discursivo. Química e Biologia são duas matérias que eu tiro de letra”, revela Lucas.
Resiliência é receita para o sucesso
A pontuação não esperada no Enem foi uma ducha de água fria para Gabrielle Prado. A jovem, atualmente com 19 anos, apostava todas as suas fichas em uma excelente performance no Enem 2021 a fim de assegurar a aprovação no concorrido curso de Direito da UERJ – que disponibiliza vagas remanescentes via nota do Enem. Ela entendia que essa forma de ingresso poderia ser menos complicada. Seu resultado não foi suficiente, mas nem tudo estava perdido. Depois de três meses, teria o vestibular da própria Estadual do Rio de Janeiro. Era o momento de buscar motivação e seguir em frente.
“Acordava cedo todos os dias, assistia videoaulas, refazia simulados e provas antigas da UERJ e tirava dúvidas com meus professores, que mesmo de férias estavam dispostos a me ajudar. Fui bastante calculista no estudo, porque sabia que não tinha sido meu foco durante o ano, e precisei criar uma boa estratégia. Através das provas anteriores, elaborei uma planilha com meus acertos por área, o que me deu uma média consistente das minhas dificuldades. Depois, analisei a tabela e decidi onde eu conseguiria ganhar os pontos que faltavam para eu chegar à aprovação. Hoje, sei que também conseguiria ser aprovada pelo Enem, mas agradeço muito por não ter recebido uma nota capaz de me dar segurança, pois isso me fez sair da zona de conforto e buscar algo que nem eu imaginava ser possível”, afirma.
A ex-aluna do Elite, que concretizou seu sonho e em março já começa o terceiro período, dá a fórmula do sucesso após um revés. “Acredito que a melhor forma de superar um resultado ruim é buscar uma boa performance. O tempo de se sentir triste ou de chorar é necessário, porém ele não deve ser eterno e precisa ser acompanhado de prática. Quando não temos o resultado esperado em algo, precisamos ser analíticos a fim de entender onde erramos, pois algo precisa ser mudado. É importante compreender: se você repetir todas as ações que te fizeram não ter um resultado tão bom, você não terá um desfecho melhor. É preciso ser autocrítico para perceber onde está o seu erro e consertá-lo”.