Uma inciativa voltada para o empoderamento de mulheres da Baixada Fluminense, com o desenvolvimento da bioeconomia a partir do aproveitamento de produtos da natureza, garantindo geração de renda e equilíbrio do ecossistema. Com esse propósito, o projeto Empreendimento Social Madre Frutos, da empresa Madre Frutos, foi um dos oito vencedores do Prêmio Firjan de Sustentabilidade. O anúncio foi feito durante o evento Rio Construção Summit, quando o presidente da Firjan Caxias e Região, Roberto Lever one, formalizou o reconhecimento das ações que conciliam atividades industriais, com a proteção ambiental, equilíbrio econômico e responsabilidade social.
“Essa é uma inciativa de grande valor para a nossa região, dando oportunidade para mulheres, mães, que através desse trabalho, agregam valor a um produto natural, preservando o meio ambiente. Através desse prêmio podemos conhecer ações de sucesso como essa e esperamos que incentivem outras iniciativas que ajudem a desenvolver nossa região”, destacou Leverone.
E é com o manejo sustentável das jaqueiras, na Serra da Estrela, que tudo acontece. O projeto, batizado com o mesmo nome da empresa social, Madre Frutos, espelha no nome a sua essência. Madre: por ser desenvolvido por mulheres das comunidades do entorno do Vale do Rio Santo Antônio, em Duque de Caxias; e Frutos: por utilizar a jaca verde como principal matéria-prima, encontrada de forma abundante no ecossistema da Mata Atlântica.
O Madre Frutos faz parte do Instituto Sinal do Vale, que tem como propósito fomentar uma economia regenerativa através do desenvolvimento de soluções práticas, que conduzem à renovação dos ecossistemas e de comunidades. “O projeto começou pequeno, com duas mulheres e, conforme fomos captando recursos, foi se expandindo. Hoje temos doze mulheres envolvidas, uma cozinha industrial e uma câmara fria para armazenar os produtos processados. Chegamos a vender para mercados e hoje atendemos diversos restaurantes vegetarianos”, conta Rodrigo Meirelles de Oliveira, gerente operacional do Sinal do Vale.
O projeto promove o desenvolvimento socioeconômico, em grande parte por meio da culinária, usando o fruto em diversas receitas, o que inclusive têm impulsionado o movimento turístico no local. E são as mães das comunidades do entorno as responsáveis em transformar a jaca verde em diversas receitas, comprovando a versatilidade do fruto que pode ser apresentado em forma de bolinho, quibe, polpa entre outras várias receitas. Assim, o projeto tem contribuído para a geração de renda e segurança alimentar das famílias.
Desde 2018, Livia Aparecida Costa é uma das 12 colaboradoras do projeto. Mãe de três filhos, ela destaca o quanto o projeto contribui na sua vida, não apenas pela oportunidade de geração de renda, mas pelo aprendizado que proporciona. “Antes eu tinha dificuldade de conciliar o trabalho com a maternidade, hoje me sinto empoderada. É muito gratificante fazer parte desse projeto que me traz sempre muito conhecimento. O projeto mudou a minha vida”, enfatizou.
Com esse perfil, o projeto foi selecionado na categoria “Gestão de Impacto e Investimento Social”, do Prêmio Firjan de Sustentabilidade. O gerente de Sustentabilidade da Firjan, Jorge Vicente Peron Mendes, ressalta a relevância da premiação que, este ano, analisou 59 projetos. “Há mais de uma década o Prêmio Firjan de Sustentabilidade reconhece e destaca as melhores práticas sustentáveis desenvolvidas pelas empresas do estado do Rio de Janeiro. Desde 2013, já recebemos 624 projetos inspiradores. E em 2023 não foi diferente”, destacou.
Contribuição para o equilíbrio do ecossistema
O uso sustentável das jacas verdes contribui com o equilíbrio do ecossistema, uma vez que ajuda a controlar a propagação desse fruto exótico, que se adequou àquela região da Mata Atlântica. Apesar dos benefícios que oferece, a manutenção do fruto de forma desequilibrada impede o desenvolvimento de outras árvores do bioma. Atualmente, por meio do projeto são retiradas do ecossistema cerca 7.200 jacas, pesando entre 5 a 20 quilos. Cada fruta possui alta taxa de germinação, tendo entre 100 e 500 sementes, que se não fossem aproveitadas pelo projeto, continuariam se expandindo de forma desordenada.