Neste setembro verde, mês de incentivo à doação de órgãos, o Programa Estadual de Transplantes do Rio de Janeiro (PET-RJ) comemora 10 anos. Em uma década de atuação, o PET- RJ foi responsável pelo recomeço da vida de 19 mil pessoas. Há muitos recordes a comemorar. O mais recente foi registrado entre janeiro e março deste ano: foi o melhor primeiro trimestre da história do programa, com 254 transplantes de órgãos sólidos. A marca supera em quase 54% o mesmo período do ano passado. Em 2019, o programa recebia, em média, 5,1 doações de órgãos por milhão de habitantes. No primeiro trimestre de 2020, a média subiu para 22, e o estado do Rio ficou em 5° lugar nessa categoria em âmbito nacional. Quando o programa foi criado, em 2010, o estado ocupava uma das últimas posições no ranking nacional de doadores de órgãos.
O secretário de Estado de Saúde, Alex Bousquet, comemora os resultados positivos e ressalta que a doação de órgãos precisa ser cada vez incentivada.
“Nesse ano tivemos um grande avanço no programa de transplantes, mas ainda não é o suficiente. Se incentivarmos a doação de órgãos, podemos ajudar cada vez mais pessoas e, quem sabe, avançar ainda mais no ranking nacional. Queremos que o Estado do Rio seja referência na área”, destacou.
O coordenador do PET-RJ, Sidney Pacheco, ressalta a importância das Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTTs) nas unidades hospitalares. Atualmente, o estado conta com quatro comissões exclusivas e está investindo na ampliação da estrutura.
“O Programa Estadual de Transplantes vem crescendo de maneira substancial nos últimos anos e isso é resultado do excelente trabalho das equipes. Para manter esses bons resultados, atualmente estamos investindo na criação de mais 16 comissões exclusivas”, afirmou.
Criado em 2010, o Programa Estadual de Transplantes realiza captação e transplante de coração, fígado, rim, pâncreas, medula óssea, osso, pele, córnea e esclera (membrana que protege o globo ocular). A principal missão do PET é obter o “sim” das famílias para salvar vidas por meio da doação de órgãos.
A jovem Juliana Amorim, de 22 anos, viu sua vida mudar ao realizar um transplante de fígado.
“Há um mês ganhei nova vida através do transplante hepático. Aos 15 anos, tive diagnóstico de uma doença inflamatória intestinal. Mais tarde, em 2016, fui diagnosticada com uma doença rara no fígado, associada à doença inflamatória. Hoje, apesar do pouco tempo de transplantada, tenho uma vida muito melhor. Minha disposição mudou, não me sinto mais cansada como antes. Sou muito grata a Deus e à família doadora”, conta ela.
Instituto Nacional de Cardiologia é credenciado para captação de pulmão
Após 15 anos sem possuir credencial para procedimentos de captação de pulmão no estado, o Instituto Nacional de Cardiologia (INC) foi credenciado pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT), em maio deste ano. Desde 2017, o estado contava com a parceria entre as Centrais Estaduais de Transplante do Rio de Janeiro e São Paulo para este tipo de procedimento. Ao todo, foram 11 pulmões captados no estado em três anos de parceria. Com este novo credenciamento, o estado passa a realizar este serviço de maneira independente.
Hemorio inaugura novo centro para transplante de medula óssea
A Secretaria de Saúde inaugurou o novo centro de transplante de medula óssea do Hemorio. O centro funcionará no quarto andar do prédio da unidade, no Centro do Rio, em área fechada, isolada e com purificação de ar para diminuir a propagação de microorganismos. Com o novo espaço, que está sendo equipado com material de alta qualidade, o Hemorio retomará em outubro seu programa interno de transplantes, e também receberá pacientes de outras unidades. Agora, quatro hospitais públicos do estado do Rio realizam os transplantes de medula óssea: o INCA, o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ; o Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Uerj; e o Hemorio, que será referência para transplantes autólogos (feitos com as células-tronco hematopoiéticas do próprio paciente).
“Inaugurar um espaço tão importante, em um dos momentos mais desafiadores para o nosso Estado, é muito gratificante. O Hemorio é um dos principais pilares da saúde do Rio de Janeiro e agora vai beneficiar ainda mais doadores e pacientes”, ressaltou o Secretário de Saúde, Alex Bousquet.
Médicos especialistas em transplante de medula foram recrutados por meio de concurso público, realizado pela Fundação Saúde, que é responsável pela gestão do Hemorio. Os transplantes de medula óssea têm o potencial de salvar muitas vidas, ao aumentar a chance de cura em doenças como leucemias agudas, mielomas e linfomas.
FOTO Moscow