Participantes passaram por capacitação e já começaram a atuar em atividades administrativas na empresa
Nem em sonho a jovem Bruna Vitória Ferreira, 18 anos, moradora do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, vislumbrava um futuro profissional tão promissor. “No lugar onde moro, quem tem a minha idade vive em uma ´bolha’. Por uma questão cultural e muitos obstáculos, não idealizamos uma carreira fora dos limites da comunidade”, afirma ela. Mas o que parecia uma sentença, Bruna transformou em oportunidade ao ser contratada pela concessionária Águas do Rio, por meio do Programa Jovem Aprendiz. Além dela, a empresa integrou em março outros 109 aprendizes, sendo 81% deles moradores de comunidades e 78% autodeclarados pretos e pardos, também foram selecionadas pessoas trans e pessoas com deficiência.
A iniciativa da concessionária busca capacitar os jovens aprendizes para cargos administrativos na empresa, abrindo portas para o ingresso no mercado de trabalho, contribuindo para a implementação da renda familiar dos participantes do programa. Ao longo desse ano e de 2026, os aprendizes terão a chance de desenvolver habilidades técnicas e interpessoais essenciais para o avanço na carreira. “A nossa meta é preparar esses jovens para o futuro, permitindo não apenas a conquista do primeiro emprego, mas também o desenvolvimento de habilidades essenciais para o mercado de trabalho”, destaca Bruna Pedrosa, coordenadora de Gestão de Pessoas da Águas do Rio.
João Gabriel de Magalhães, 20 anos, pessoa em cadeira de rodas e morador de Vila Isabel, na Zona Norte, também faz parte do time de jovens aprendizes da Águas do Rio. Na opinião dele, o caminho até o mercado de trabalho é desafiador. Desde 2022, João vem tentando ingressar em uma grande empresa, investindo em cursos preparatórios e buscando oportunidades. “Quando comecei o treinamento na concessionária logo percebi que finalmente tinha uma chance real. Eu me sinto preparado para assumir o meu posto no departamento jurídico e, mais do que isso, essa oportunidade representa uma ponte para meu sonho de me tornar juiz”, diz o novo aprendiz da concessionária, com um brilho nos olhos.
Porta aberta para o primeiro emprego
O programa é estruturado para oferecer formação tanto teórica quanto prática aos participantes. A capacitação é feita em parceria com o CIEE, que complementa a experiência prática com aulas semanais. Além disso, os aprendizes recebem uma remuneração compatível com a carga horária de 20 horas semanais, além de vale-transporte, vale-refeição, plano de saúde e odontológico, seguro de vida e outros benefícios. “Com o meu salário, quero ajudar minha mãe, que é recepcionista e não conta com a ajuda de mais ninguém. E ainda temos a minha irmã pequena”, conta Bruna Ferreira, que pretende se formar em Assistente Social e, assim, inspirar outras jovens da sua região a buscar um futuro melhor.
Impulso na formação profissional
De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, em outubro de 2024, o total de aprendizes no mercado de trabalho superou os 647 mil desde a implementação da Lei da Aprendizagem. Somente entre janeiro e outubro, foram registradas mais de 91 mil novas contratações, o que representa um aumento de 12,29% em comparação com o mesmo período de 2023.
Uma pesquisa divulgada no ano passado no Jusbrasil aponta que o programa desempenha um papel importante na formação profissional dos jovens, proporcionando a oportunidade de adquirir experiência prática, aprimorar habilidades específicas e aumentar as chances de inserção no mercado de trabalho. Além disso, estudos mostram que os jovens aprendizes costumam apresentar um desempenho escolar superior ao conciliar estudos e prática profissional.