Hospital de referência no tratamento da covid-19, o Instituto Estadual do Cérebro foi um dos primeiros hospitais brasileiros a adotar a transfusão de plasma como medida para recuperação de pacientes. Vista com grande entusiasmo e como alternativa promissora diante de uma vacina que ainda pode demorar, a técnica foi bastante utilizada contra a gripe espanhola e é adotada com frequência em períodos de crise.
“Como sua utilização é sempre feita em momentos de crise, não se tem um estudo randomizado, dentro de padrões científicos rígidos. A transfusão, entretanto, faz sentido como tratamento, e estamos tentando, com o Hemorio e o laboratório de Virologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), identificar quais os grupos de pacientes que podem se beneficiar. Ao que tudo indica, quanto mais precoce a transfusão de anticorpos, maiores as chances do paciente evoluir bem, sem necessidade de entubação”, detalha o neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho, diretor do instituto.
Assim como outros pesquisadores e profissionais da área da saúde, ele está surpreso com a capacidade do vírus provocar diversos sintomas em diferentes partes do corpo. No entanto, em relação à capacidade de atingir o sistema nervoso, as observações realizadas ainda não trazem evidências concretas.
“Alguns estudos laboratoriais mostraram que, in vitro, o vírus tem a capacidade de penetrar nos neurônios. Mas ainda não temos manifestações clínicas evidentes desse fenômeno, com exceção dos casos em que há perda do olfato, mas que em geral são transitórias”, diz.
A Faperj, desde a inauguração do Instituto Estadual do Cérebro, vem apoiando, por meio de seus programas de fomento à pesquisa, os estudos realizados no IEC, incluindo uma Rede de Pesquisa em Saúde – uma das 18 apoiadas pela Faperj no estado – que tem a coordenação-sede funcionando nas dependências do IEC.