Dona Maria José de Macena Silva chegou aos 71 anos com muitas dores no joelho direito. Encaminhada ao Serviço de Ortopedia do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe-Uerj), passou, inicialmente, pelo tratamento convencional com medicamentos e fisioterapia, além de perder peso para aliviar a sobrecarga nas articulações. Como as dores persistiram, a equipe de Ortopedia do Hupe indicou a necessidade do tratamento cirúrgico, com a Artroplastia Total do Joelho (ATJ), uma técnica na qual a articulação lesionada é substituída por uma prótese responsável por reproduzir a função de um joelho saudável.
A ATJ é indicada para os casos mais avançados de osteoartrite, deformidades articulares e alguns tipos de doença reumática, com o objetivo de melhorar a dor e recuperar os movimentos necessários para sentar, andar, subir e descer escadas.
“Não é uma cirurgia que vai dar um joelho novo ao paciente, o joelho de um jovem, mas é uma cirurgia que vai devolver a autonomia a essa pessoa e melhorar sua qualidade de vida”, complementa o cirurgião de joelho do Hupe, Fabrício Bolpato.
No Hupe, a cirurgia de ATJ envolve uma equipe multidisciplinar, como explica Fabrício Bolpato:
“É uma cirurgia complexa, de longa curva de aprendizado. É preciso uma equipe clínica para preparar o paciente; uma equipe ortopédica que realiza o procedimento de forma precisa; uma equipe de enfermagem para receber bem este paciente no pós-operatório imediato; e uma equipe de fisioterapia pronta para reabilitação, que é um processo fundamental e tão importante quanto a cirurgia. Nós internamos o paciente na véspera do procedimento e no dia seguinte à cirurgia ele já passa o dia fora da cama, e, de acordo com o nível de dor e de força, ele começa a andar neste mesmo dia. A perspectiva é de alta em 48 horas”, disse.
Dona Maria José exemplifica esta dinâmica. Ela operou no dia 23 de setembro e, apenas 24 horas após a cirurgia, já estava treinando seus passos pela enfermaria de Ortopedia.
“Foram quatro anos de espera. Eu achava que não faria mais essa cirurgia, mas graças a Deus chegou o dia. Doía muito e eu não conseguia levantar direito da cama, tinha que me apoiar pelas paredes para andar. Fui muito bem tratada aqui no Hupe e estou satisfeita com a cirurgia”, contou a paciente que teve alta já no dia seguinte. A próxima etapa será a reabilitação, que dura em média três meses, dependendo do arco de movimento e da capacidade de subir e descer escada. Estando tudo bem, ela passará a avaliações anuais.
“No momento, estamos fazendo cerca de seis intervenções cirúrgicas de joelho por semana aqui no Hupe, sendo quatro de prótese e duas de artroscopia. Vimos obtendo um resultado muito bom, já que estes pacientes vêm de uma fila muito grande da SES-RJ, que tem, aproximadamente, 12 mil pacientes na fila para prótese de joelho. Está sendo possível realizar este procedimento aqui e, além disto, temos atendido a cerca de 70 novos pacientes no ambulatório”, ressalta o coordenador da disciplina de Ortopedia da Faculdade de Ciências Médicas da Uerj e chefe do Serviço de Ortopedia e Traumatologia, José Maurício de Morais Carmo.
Estrutura
O Hupe também realiza Artroplastias Totais de Ombro (ATO) e Quadril (ATQ), possuindo clínicas específicas para acompanhamento desses pacientes. Ao todo, o setor de Ortopedia do hospital conta com uma estrutura que inclui ambulatórios de Cirurgia da Mão, de Joelho, de Ombro e Cotovelo, de Ortopedia Geral, de Ortopedia Pediátrica, de Trauma e de Cirurgia do Quadril.
“Sem contar os quatro laboratórios de treinamento profissional e pesquisa que não pararam durante todo este tempo de pandemia. Estes espaços dão respaldo tanto à assistência quanto à formação e aperfeiçoamento profissional e acadêmico”, destaca José Maurício de Morais Carmo, referindo-se aos laboratórios de Artroscopia e Estudos Anatômicos, de Biomecânica, de Microcirurgia Experimental e de Terapia da Mão e Órteses.
As atividades acadêmicas da Ortopedia não foram interrompidas durante o tempo de isolamento social imposto pela Covid-19. Neste período, o setor apostou nos encontros virtuais para as aulas da pós-graduação, treinamento e ações dos dois programas de residência acoplados: o da Ortopedia e Traumatologia e o da Cirurgia de Mão.
“Somos uma das únicas unidades do país a oferecer residência nesta área (Cirurgia de Mão)”, enfatiza o chefe do setor de Ortopedia, que ficou impressionado com a adesão de 100% dos residentes e pós-graduandos às aulas durante os últimos meses.