Nova Iguaçu ganhou mais um espaço cultural para exposições. A Prefeitura, através da Fundação Educacional e Cultural de Nova Iguaçu (Fenig) inaugurou ontem (18) em sua sede, no Centro, a Galeria de Artes FENIG, que ganhou a exposição fotográfica ‘Ojú Olhos’, resgatando a vocação da Fundação nas artes visuais e no legado da cidade. Ela, que foi inspirada no I Salão de Artes Plásticas FENIG, na década de 1970, é lançada na semana em que é comemorado o dia da Consciência Negra (20/11).
Ao todo, dez fotos do fotógrafo Raimundo Cláudio Santa Rosa ficarão expostas até o dia 13 de dezembro. A entrada é gratuita. Através da captura de momentos simples do cotidiano em duas regiões continentais, África e Brasil, as fotografias convidam à construção de histórias que resgatam a essência dos povos afro-brasileiros.
“Essas fotos já foram expostas no Quênia, Paris e Marrocos quando participamos de alguns congressos sobre a questão da diáspora (imigração forçada). Agora chegou a vez de Nova Iguaçu, que é a cidade onde vivo e fui criado. Essas fotos mostram a vida nos quilombos, que não tinham energia elétrica, como o caso de dona Santinha, com 108 anos, que ainda não tinha uma geladeira. Estar aqui é emocionante”, comentou Raimundo, que desenvolveu o Programa de Normalização das Comunidades de Baixa Renda e implementou o Programa Light Recicla nos municípios do Estado.
Raimundo Santa Rosa expõe seus trabalhos pela primeira vez em Nova Iguaçu. Ele nasceu em Salvador (BA) há 57 anos e já recebeu algumas medalhas e prêmios importantes, como a Medalha Pedro Ernesto, maior honraria da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, a Medalha Tiradentes, da Alerj e o Prêmio Afrocolombianidade, concedido pelo governo da Colômbia, em 2018.
Durante a exposição, o fotógrafo convidou o público para escolher a fotografia favorita. A eleita foi ‘Crianças do Quilombo Sant’Ana, em Quatis’.
“A Fenig está retomando a vocação de investir nas artes visuais na cidade. A exposição é uma ponte entre o continente africano, brasileiro e de Nova Iguaçu. Estamos valorizando nossa cultura e no próximo ano, durante o aniversário da cidade, teremos mais uma exposição”, afirmou o diretor técnico da Fenig, André Porfiro.
Um dos visitantes da exposição que se encantou com as obras de Raimundo foi o artista plástico Roberto Monteiro, o Monteiro Sempre, de 59 anos. Ele elegeu como foto mais impactante a imagem onde mostra a pobreza de crianças da África.
“Gostei de todas as fotos. É um trabalho tocante. Gosto de pintar comunidades negras e o artista representou nas fotos esse trabalho. As fotos da África lembram algumas comunidades do Rio”, garantiu.