*Taiana Jung
ESG significa Environmental, Social and Governance, traduzido para o português quer dizer: ambiental, social e governança (ASG). A sigla é nova, aparece constantemente nas notícias e segundo pesquisa da Stilingue e da Rede Brasil Pacto Global, entre 2019 e 2020, a busca pelo assunto, no ambiente digital, já cresceu mais de seis vezes.
Vale ressaltar que a sigla pode ser do momento, mas os temas que a compõem não! Eventos, marcos sociais e ambientais, desde o estabelecimento dos Direitos humanos (1948) aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (2015), sem falar de tantos outros eventos e acordos internacionais relevantes, já construíam reflexões, provocações, orientações e demandas para a sociedade nessas temáticas.
A aplicabilidade ESG no mercado financeiro começou a ganhar espaço em 2004, com a sua menção em documento do Pacto Global e Banco Mundial chamado Quem Cuida Ganha. Já em 2020, o CEO da BlackRock, empresa americana que movimenta cinco vezes o valor do PIB brasileiro, recomendou aos CEOs das grandes organizações mundiais a reverem e incorporarem ESG em seus negócios como forma de diminuir os riscos dos negócios e ampliar a capacidade de investimento e crédito.
Essa movimentação para a implementação de ESG nas companhias também foi impulsionada pela sociedade que através dos tempos pressionou governos e empresas, seja para a melhoria das condições de trabalho, relacionamento com o meio ambiente, investimento em causas sociais, gestão com integridade e transparência.
Além disso, houve expressiva mudança no comportamento de consumo, no qual o fator financeiro, para determinadas pessoas, não justifica por si o consumo de uma marca em específico. De acordo com pesquisa da Edelman (2022), os fatores de compra, por exemplo, da geração Z, jovens na faixa de 18 a 26 anos, estão relacionados com convicções, crenças e afinidades. E os temas de maior relevância para eles são: justiça racial; relação com empregados; mudanças climáticas e desigualdade econômica.
Diante desse cenário, as empresas precisam avaliar as suas práticas e se posicionarem junto aos seus públicos de interesse, desde os colaboradores, fornecedores, clientes, concorrentes, comunidades vizinhas, sindicatos, entre outros para que não sofra as consequências de não ser coerente com os interesses, necessidades e compromissos que todos estes públicos esperam delas.
É possível implementar os fatores ESG, mas nada terá efeito se for incorporado só para constar. Os fatores ambiental, social e de governança devem acontecer de forma articulada, fazer um e não fazer o outro, não é ESG. É uma tarefa complexa, e tudo bem não dar conta de realizar de uma só vez, mas tudo bem também ter o compromisso em curto, médio e longo prazo para fazer essa engrenagem girar e construir uma empresa que respeita as pessoas e o meio ambiente.
*Taiana Jung – Sócia fundadora da Logos Consultoria, com atuação ibero-americana, e professora da pós graduação Master ESG da ESPM.