O cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta, foi o convidado de estreia do Programa Expo Religião, lançado nesta segunda-feira (12/07), pela TV Alerj. Sob o comando da jornalista Luzia Lacerda, a atração vai ouvir lideranças religiosas de diversos cultos, abordando temas que transcendem as denominações e promovem o diálogo e a tolerância. Na entrevista, Dom Orani falou sobre os desafios de se adaptar ao novo normal imposto pela pandemia da covid-19 e destacou passagens de sua trajetória.
“A pandemia nos trouxe muitas preocupações e dores, mas também iniciativas criativas que nos ajudam. Toda semana, debatemos assuntos importantes com representantes de várias religiões. Aprendemos a fazer lives, que chegam a muitas pessoas, disseminando as ideias para um público maior”, contou o Cardeal, que adaptou as reuniões do grupo “Diálogo e Paz” para o ambiente virtual.
Nascido em São Paulo, a vocação religiosa de Dom Orani se manifestou ainda na juventude, por volta dos 16 anos. “No início, a vocação não foi muito aceita pela família, porque eu era o filho caçula e naquele tempo, era comum o mais novo ficar em casa, cuidando dos pais. Mas, depois, aceitaram”, lembrou.
Dom Orani contou também sobre sua experiência com o Sírio de Nazaré, quando foi arcebispo de Belém, no Pará. Ele chegou ao Rio em 2009. Onde adotou o hábito de ir às ruas distribuir comida, agasalhos e conversar com os mais necessitados. A prática teve que ser interrompida durante a pandemia, por ele fazer parte do grupo de risco para o coronavírus.
“Aqui no Rio, as necessidades são muitas e dói o coração de ver tantos precisando e não poder ajudar mais. Ver as pessoas nas ruas e não resolver todas as questões é doloroso”, contou o cardeal.
O cardeal falou sobre a criação da primeira comissão de juristas inter-religiosos pela arquidiocese. “Aqui no Rio, é muito mais ampla essa caminhada. Há várias religiões e cada uma tem sua própria doutrina, mas existem questões comuns e fico muito feliz em ver que essas preocupações nos ajudam a estar juntos. E assim vão nascendo novas iniciativas e belas realizações. Nestes tempos de dores e sofrimento, temos que construir e ser a ponte para fazermos o bem”, concluiu.
Luzia ressaltou que a informação é o principal ingrediente para a desconstrução da intolerância e da ignorância. Trazer esse entendimento é o foco do programa.
“Primeiro, iremos apresentar as lideranças religiosas e, depois, as histórias das religiões. Os próximos entrevistados serão o presidente do Conselho Estadual de Defesa e Promoção da Liberdade Religiosa (CONEPLIR), Paulo Maltz, que é também responsável pelo diálogo inter-religioso da Federação Israelita do Rio de Janeiro (FIERJ). Em seguida, a ialorixá Mãe Meninazinha de Oxum, integrante do movimento Libertar o Sagrado, que conseguiu a transferência de peças de culto de matriz africana para do Museu da Polícia Civil para o Museu da República”, adianta a apresentadora.