Comissão de Saúde da Alerj discute os desafios no diagnóstico e tratamento da endometriose

O sofrimento causado pela doença, a necessidade de  intervenção cirúrgica e a infertilidade foram os principais temas abordados durante a audiência pública realizada na Alerj, nesta quarta-feira (28), para discutir o diagnóstico e tratamento da endometriose, doença que afeta uma a cada dez brasileiras, segundo o Ministério da Saúde. Organizada pela Comissão de Saúde, a audiência reuniu diversas autoridades do setor e jogou luz sobre os desafios que ainda precisam ser enfrentados para garantir atendimento pleno às mulheres que procuram a rede pública, em especial, no interior do Estado.
“Já temos uma Lei Estadual que prevê o tratamento da doença na rede pública, mas é preciso um esforço maior para atender as mulheres que vivem longe dos centros de excelência. A endometriose é uma doença social e de saúde pública e demanda uma ação efetiva do Estado. Temos conversado com o Secretário de Saúde, Dr. Luizinho, que já identificou esta necessidade e está desenhando uma proposta de política para resolver a questão”, ressaltou o deputado estadual Tande Vieira, presidente da Comissão de Saúde da Alerj e ex-secretário de Saúde de Resende.
Presente na audiência, o coordenador da área de Saúde da Mulher da Secretaria Estadual de Saúde, Antônio Braga Neto, falou sobre a necessidade de se estabelecer um protocolo de cuidados para acolhimento das mulheres na atenção primária: “Se a mulher precisa de cirurgia, quais podem ser realizadas no seu município, quais são de maior complexidade e devem ser encaminhadas para a capital? Temos núcleos de excelência no Estado, temos médicos capacitados, mas precisamos estabelecer como as pacientes devem ser acolhidas para garantir que recebam o tratamento adequado”, ressaltou.
Ricardo Lasmar, membro da Câmara Técnica de Ginecologia e Obstetrícia do Cremerj, também falou sobre a importância desse acolhimento adequado da paciente: “Os ganhos obtidos a partir de uma anamnese e de um exame de imagem bem realizados são imensuráveis no tratamento da endometriose. Precisamos interferir na cultura médica para otimizar o atendimento”, afirmou.
Já o Coordenador do Ambulatório de Endometriose do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE-UERJ), Marco Aurélio Pinho de Oliveira, chamou a atenção para a necessidade de um tratamento multidisciplinar: “Criamos o ambulatório em 1997 porque sempre tivemos uma demanda muito grande para tratamento da doença. O atraso no diagnóstico é de 8 a 10 anos, o gasto com medicamentos é alto, e a taxa de infertilidade é, em média, de 40%. A doença não afeta somente o sistema reprodutor, por isso demanda um time multidisciplinar”, ressaltou.
Participaram ainda da audiência o prefeito de Resende, Diogo Balieiro; o secretário de Saúde do município, Jayme Neto; a subcoordenadora de Saúde da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, Alessandra Nascimento; os deputados Dr. Deodalto e Felipinho Ravis, além de diversas autoridades ligadas ao setor.

Foto: Octacílio Barbosa/Alerj

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