Um dos cineclubes mais antigos da Baixada comemora sua retomada às atividades após um recesso de quase dois anos. Desde dezembro de 2019 sem atividades presenciais, o Buraco do Getúlio volta à ativa de forma virtual por conta da pandemia e promete fazer de tudo para reproduzir o alto astral dos eventos nas ações on-line. Entre 05 e 12 de março acontece a mostra de curtas com a programação totalmente construída a partir da produção audiovisual recente da Baixada Fluminense, a exemplo do recém-premiado Joãosinho da Goméa – O Rei do Candomblé (de Janaina Oliveira e Rodrigo Dutra) e A Terra das Muitas Águas (de Catu Rizo).
Já no dia 14, o coletivo apresenta seu formato clássico estabelecido com programação formada por exibição de curtas e intervenções artísticas. A poeta, slammer, contadora de histórias e atriz Gêneses é quem comanda a sessão que acontece, ao vivo, no Complexo Cultural de Nova Iguaçu a partir das 19h, com transmissão pelo canal do YouTube do cineclube. O espaço vai receber a equipe cumprindo todos os protocolos de higiene e segurança, mas não estará aberto ao público. Entre as atrações estão: a poetisa Lírian Tabosa, que ao alto de seus 88 anos é considerada no meio cultural uma das maiores poetisas da cidade e se prepara para publicar o sétimo livro de poesias; o ator, doutor em Educação e coordenador de projetos culturais Marcos Serra trazendo uma performance surpresa. Além do músico e criador do selo independente Pirão Discos Marcelo Peregrino, dono de uma sonoridade com forte influência da Tropicália e uma boa mistura de samba com jazz, rock e outros ritmos.Quem engrossa o caldeirão musical sempre efervescente da região é a rapper Ebony. Cria de Queimados, é uma das maiores revelações do trap/rap dos últimos anos. Em 2020 foi eleita a Revelação do Rap no prêmio Genius Brasil e aos 19 anos lançou seu primeiro EP, desde então Ebony vem crescendo cada vez mais na cena do rap nacional.
Para abrilhantar ainda mais a live o cenário foi especialmente produzido pelo artista plástico Raimundo Rodriguez. Foi diretor de cenografia de diversas telenovelas da Rede Globo, como Capitu e Meu Pedacinho de Chão. Seu trabalho carrega forte influência das literaturas, da música, das religiões e do nordeste do país. A produção do evento fica por conta da turma do Baixada System.
O que há pouco mais de 15 anos atrás parecia uma loucura despretensiosa de um grupo de estudantes de audiovisual, hoje se tornou uma das ações culturais mais importantes da Baixada Fluminense. O “Buraco” (carinhosamente apelidado assim) possui uma biografia de resistência cultural típica do movimento cultural da Baixada, cuja sobrevivência persiste apesar da falta de dinheiro compensada com o apoio da rede de realizadores independentes. Ao longo desse tempo o ‘BG’ também desenhou um percurso de vida marcado por sessões que abordavam temas pertinentes à sociedade, falando sobre direitos, cidadania, cidade e cultura. Tudo isso sempre envolvido por muito filme, música, teatro, performance, dança e poesia.
Mais sobre o Cineclube Buraco do Getúlio
O Cineclube Buraco do Getúlio começou suas atividades em julho de 2006 e o nome “Buraco do Getúlio” surgiu de uma passagem subterrânea para pedestres que atravessa a ferrovia de Nova Iguaçu, mais conhecida como “túnel” ou popularmente “Buraco do Getúlio”. Durante seus dois primeiros anos funcionou no Anania’s Bar, que fica na rua desta passagem, realizando sessões mensais e gratuitas. Depois, as sessões passaram a ser realizadas na Casa de Cultura de Nova Iguaçu (hoje Complexo Cultural Nova Iguaçu) – onde, além das sessões mensais, aconteceram por 2 anos sessões semanais de longas metragens brasileiros em parceria com o Programa Cine Mais Cultura. Em março de 2015, com o objetivo de contribuir com as várias frentes de retomada e ressignificação dos espaços públicos através de ocupações artísticas e disputar coletivamente a narrativa sobre esses espaços.
O Governo Federal, O Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Aldir Blanc apresentam a Retomada Cultural do Cineclube Buraco do Getúlio.
BURACO MOSTRA CURTAS – 05/03 a 12/03 – 19h
Cascudos
Diretor: Igor Barradas
18′ | Ficção | 2018 | RJ
Sinopse: Ninguém pode com os Moleques da Vila Ideal.
Joãosinho da Goméa – O Rei do Candomblé
Diretores: Janaina Oliveira ReFem e Rodrigo Dutra
14′ | Documentário | 2019 | RJ
Sinopse: O curta se propõe a contar a história de Joãosinho da Goméa, importante figura das religiões afro no Rio de Janeiro e, dessa maneira, a partir de fortes performances, trata também um pouco da própria história dessas religiões no Estado.
Um Grito Parado no Ar
Diretor: Leonardo Souza
21′ | Documentário | 2019 | RJ
Sinopse: Neusa Santos Souza foi psicanalista e autora do livro “Tornar-se negro: as vicissitudes da identidade do negro em ascensão social”. Um Grito Parado no Ar é um documentário que resgata a memória e o legado de Neusa, e abre a discussão sobre a saúde mental da população negra.
Francisca
Diretoras: Mariane Duarte e Luandeh Chagas
10′ | Ficção | 2018 | RJ
Sinopse: Francisca, conhecida historicamente como Xica da Silva, cansada de ouvir tantos equívocos espalhados sobre sua vida, retorna em pleno século XXI para contar sua própria história. A personagem ganha vida através dos corpos de diversas mulheres negras que se identificam com sua trajetória e luta. E, que por respeito à memória e ancestralidade da diáspora africana, questionam os estigmas impostos por estudiosos sobre Francisca.
SESSÃO – Live Session -14/03 (DOM) – 17h
Bareta
Diretor: Roger Hitz
20′ | Documentário | 2021 | RJ
A Terra das Muitas Águas
Diretor: Catu Rizo
20′ | Ficção | 2019 | RJ
Sinopse: Nina está preparando uma viagem com sua melhor amiga, Luana. Dias antes, começa a ter sonhos que fabulam sobre o rio Meriti-Pavuna, reacendendo sua memória com as águas doce de sua cidade.
Mente Aberta
Diretor: Getulio Ribeiro
8′ | Ficção | 2019 | RJ
Sinopse: Após um término de relacionamento, homem confabula sozinho, no banho, sobre razões em que foi abandonado.