O atendimento humanizado realizado por uma equipe multidisciplinar é uma das medidas preconizadas pelo Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI) para oferecer um melhor acolhimento aos pacientes. Nesse contexto, o trabalho de psicólogos têm papel fundamental na maior emergência da Baixada Fluminense ao abordar, escutar e confortar os enfermos e famílias que passam por um momento difícil, ajudando a encarar o medo, a insegurança e a ansiedade.
Assim aconteceu com Laudicea Lima de Souza, de 74 anos, durante sua internação para tratar de uma aterosclerose (placas de gordura nas artérias). A idosa estava com cirurgia marcada para o dia 30 de janeiro para operar o pé, mas a entrada de urgências graves na emergência do HGNI naquele dia fez com que a rotina de procedimentos fosse totalmente modificada e a cirurgia precisou ser adiada. Minutos após a notícia, a psicóloga de plantão Lorraine Melo abordou e acolheu a paciente, explicando, ao lado da equipe médica e de enfermagem, o motivo pelo qual o procedimento não pôde ser realizado, convencendo Laudicea a permanecer internada aguardando pela cirurgia, que aconteceu uma semana depois.
“Quando me disseram que eu não faria a cirurgia, fiquei triste. Queria sair logo do hospital, mas então veio essa menina (a psicóloga) e a direção, que conversaram bastante comigo. Eu entendi o que havia acontecido no dia que estava marcada a minha operação e decidi ficar internada. Graças a Deus deu tudo certo e consegui fazer a cirurgia”, conta Laudicea, que passou pela cirurgia no pé com sucesso e recebeu alta na última segunda-feira (10).
A filha da idosa, Lilian Ferreira, de 52 anos, exaltou o trabalho de assistência prestado pelo HGNI. “É muito importante ter alguém que ampare o paciente, que abrace e acolha. A confiança que minha mãe sentiu após o acolhimento da equipe foi fundamental naquele momento”, ressalta, emocionada, a pedagoga.
Por ser um hospital com perfil de trauma, recebendo vítimas graves de arma branca, arma de fogo, agressões e acidentados, há momentos em que as cirurgias eletivas precisam ser remarcadas, uma vez que o HGNI conta com seis salas no Centro Cirúrgico e faz cerca de 600 cirurgias por mês. Para dar continuidade no acolhimento, o HGNI implementou uma linha de cuidados, onde o psicólogo faz o trabalho de acolher e humanizar o atendimento aos pacientes e suas famílias que precisam encarar este momento difícil de ficar internado ou passar por cirurgia para cuidar da saúde. Ao todo, treze psicólogos realizam, em média, dois mil atendimentos mensais, atuando nos setores de Núcleo de Acolhimento ao Familiar (NAF), que atende os acompanhantes, na emergência, abordando novas chegadas, e no setor de internação.
“Saber que a cirurgia precisou ser remarcada por causa de casos de risco iminente de vida que chegam ao HGNI acaba gerando ansiedade e estresse nas pessoas que têm cirurgias eletivas marcadas. Por este motivo, investimos diariamente no acolhimento para esses pacientes, principalmente com a presença do psicólogo que aborda quem teve a suspensão cirúrgica e oferece um suporte fundamental”, destaca Joé Sestello, diretor geral do HGNI.
Dentro do ambiente hospitalar, o psicólogo acompanha o paciente e seus familiares desde o primeiro atendimento na emergência até a internação. Coordenadora do setor de psicologia há sete anos e funcionária do HGNI há 17, Ana Claudia Bello, de 50 anos, garante que essa intervenção é uma ação de humanização.
“Nós acompanhamos o paciente de perto. A medida que ele tenha alguma cirurgia desmarcada, por exemplo, fica mais vulnerável emocionalmente, pois aquele procedimento, para ele, era a cura. Então a gente acolhe e explica a situação, buscando esclarecer para ele que mesmo que a cirurgia acabe sendo adiada por alguns dias, vale a pena aguardar no hospital para o seu tratamento resolvido”, reforça ela.