Jiu-jitsu, Krav Maga e Taekwondo são algumas das artes marciais que marcaram a vida de Frederico Rosa (47) desde a adolescência. Mais conhecido como Fredie, o atleta – que ganha a vida como técnico de informática – sofreu um duro golpe da vida em 2020: por conta de complicações causadas pela infecção do novo coronavírus, o morador de Austin precisou ter parte da perna direita para permanecer vivo.
No último dia 12 de junho, Fredie conta que acordou de madrugada assustado, sufocado e desorientado, a ponto de pensar que estava morrendo. “Lembro que chamei pela minha filha, me socorreram e fui parar na emergência em estado grave. Estava com 45% de saturação, entrei em coma e permaneci internado por 22 dias”, relembra.
No combate surpresa pela vida, cada novo dia representava uma vitória. Mas à medida que cada ‘round’ findava, Fredie se via mais distante do triunfo definitivo, que felizmente acabou se consolidando na forma da liberação para voltar para casa.
“Tive uma trombose na perna direita, e apesar de ter sido submetido à cirurgia, minha circulação sanguínea não voltou para metade da minha perna. Acordei do coma dia em 23 de junho, no meu aniversário, com a notícia de que precisaria amputar parte dela, o que foi feito no dia seguinte. Só então, tive alta dia 4 de julho, graças a Deus, às orações de meus familiares e amigos e conhecidos”, conta emocionado.
Fisioterapia como aliada
Já recuperado da Covid-19, Fredie passou então a buscar tratamentos que possibilitassem seu retorno às atividades que tanto ama. Hoje paciente do setor de fisioterapia neurológica do Centro Especializado no Tratamento de Hipertensão e Diabetes de Queimados, na Baixada Fluminense, Fredie destaca a importância de cada sessão na luta por voltar aos tatames.
“Desde que fiz minha avaliação senti muita segurança, um calor humano no atendimento. A fisioterapeuta Daiane ouviu atentamente meu caso e com muito profissionalismo me examinou, passando muita segurança em relação à minha reabilitação. Aqui recebo todo apoio e suporte nessa empreitada, vejo a cada sessão outros pacientes se recuperando rápido e sendo tratados com muito amor e respeito por toda a equipe”, declarou.
Integrante da equipe de fisioterapia neurológica da unidade há quase três anos, Daianne Papini acompanha Fredie desde sua avaliação no setor e afirma que a força de vontade do paciente tem sido determinante para sua evolução clínica.
“Com quase dois meses de tratamento, posso dizer que ele tem muita força de vontade, tanto para viver, quando para se recuperar. Por ser atleta, tem muita disciplina e foco no tratamento. Ele vem a cada sessão apresentando melhora, uma evolução que com certeza o levará a uma ótima adaptação para tão sonhada prótese” afirma a profissional.
Fredie é um dos 100 pacientes do espaço, que oferece tratamentos de reabilitação cardíaca e neurológica gratuitamente. “Aqui ele realiza cinesioterapia, que promove exercícios terapêuticos visando melhorar a amplitude do movimento, estimular o fortalecimento, a flexibilidade muscular, desenvolver a coordenação motora e aumentar o equilíbrio”, explica a fisioterapeuta.
Solidariedade virtual e sonho paralímpico
Apesar dos novos obstáculos, Fredie demonstra otimismo e anseia pela volta ao esporte. “Não penso em desistir jamais! Pelo contrário, agora quero praticar mesmo e superar meus limites. Estou em busca de parceiros e patrocínios para dar aulas num projeto voltado ao taekwondo. Treinar em uma academia que me possibilite ingressar nas disputas paralímpicas também está entre meus objetivos”, declara o atleta.
Para viabilizar a compra da prótese que ajudará Fredie a se habituar à sua nova rotina, uma vaquinha virtual foi lançada. Porém, o valor arrecadado está longe de atingir a meta de R$65 mil. Mesmo assim, ele mantém o otimismo e espera o melhor do ano que está por vir.
“Hoje agradeço a Deus por me dar essa nova oportunidade e força para superar essa condição que é repleta de obstáculos, que a cada superação me deixa mais forte. Venci o coronavírus por nocaute e agora tenho todas as perspectivas positivas para 2021: conseguir me protetizar, curtir minha família, diminuir minha limitação… enfim, ser mais feliz!”, conclui.
FOTOS Felipe Bragança