O deputado André Ceciliano (PT) nasceu em Nilópolis, morou em Japeri e passou a maior parte da vida no município de Paracambi, onde foi prefeito por oito anos. Por isso, se define como “um cidadão da Baixada” . Ao longo de seus quatro mandatos como deputado estadual, foram muitas leis e emendas voltadas para a região. Como presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, cargo que ocupa desde 2017, ele foi além: através da economia que fez administrando a Casa, pôde doar R$ 150 milhões para o Estado investir no programa Segurança Presente nas cidades de Nova Iguaçu, Magé, Duque de Caxias, Belford Roxo, Queimados e Itaguaí. Também aprovou uma série de leis para incentivar a economia da região e ajudar a população mais pobre, como o Supera Rio.
Agora, como pré-candidato ao Senado, André defende que haja pressão da sociedade para que seja, por exemplo, construído o gasoduto chamado Rota 4B, para escoar gás extraído do pré-sal, em alto mar, por um caminho que cruza Itaguaí e a Baixada Fluminense. “Onde tem gás, tem indústria e onde tem indústria, tem emprego. A Baixada precisa de emprego. O melhor programa social que existe é uma carteira assinada”, diz ele. “A Baixada e o Lula precisam de um senador para chamar de seu”, completa.
Porque o senhor quer ser senador?
Porque tenho experiência e perfil para ser um grande senador para o Rio e para o presidente Lula. Já fui prefeito duas vezes, quatro vezes deputado estadual, tenho mais de 400 leis de minha autoria em vigor e, como presidente da Alerj, passei a conhecer a realidade de cada um dos 92 municípios do nosso estado. Conheço os problemas e as soluções e trabalho muito, sou incansável na defesa do Rio. Tenho certeza que o perfil agregador que tenho aberto ao diálogo, é o perfil que precisamos neste momento difícil que o Brasil vive.
Mas é possível dialogar em um Brasil que está tão dividido, com tanto radicalismo, onde até assassinatos estamos vendo por conta de intransigência política?
É muito preocupante isso que está acontecendo, mas a minha experiência na Alerj prova que é possível unir diferentes posições em torno de algo maior. No caso, foi a defesa dos interesses do Rio. Foi pensando assim que conseguimos, apesar de todas as diferenças que existem na Alerj, aprovar projetos importantes como o Supera RJ, de minha autoria, que garantiu auxílio emergencial no pior momento da pandemia. Aprovamos o Vale Gás. Reduzimos o imposto sobre energia elétrica para produtores rurais, para bares e restaurantes, aprovamos o Fundo Soberano e muito mais. Mesmo temas rejeitados pela extrema direita, como a Escola Sem Mordaça, de minha autoria, com o deputado Carlos Minc (PSB), a gente conseguiu aprovar.
Fale das doações que a Alerj fez para o Estado e municípios.
Graças a uma gestão responsável que promovemos na administração da Casa, foi possível em 3 anos economizar mais de R$1,5 bilhão e devolver esses recursos para a sociedade. No auge da crise, quando o Estado estava quebrado, em 2017 a Alerj pôde ajudar a pagar salários atrasados de policiais e professores. Doamos recursos para ajudar os municípios na pandemia e para universidades desenvolverem tecnologias de combate à Covid-19. Em 2022, doamos recursos para minimizar o impacto das chuvas em Petrópolis e outros 32 municípios. Isso não é mérito só meu, mas do conjunto dos deputados que se uniram por um objetivo maior, que, repito, está acima de ideologias, porque trata da defesa dos legítimos interesses não de um governo, mas do estado do Rio de Janeiro e dos fluminenses como um todo.
O senhor acredita que estamos saindo da crise?
Olha, o Brasil como um todo vive uma crise profunda, não tem como negar. São 33 milhões de pessoas passando fome. No Estado do Rio, são quase dez milhões de pessoas vivendo em situação de insegurança alimentar. Hoje, do ponto de vista da arrecadação, o governo vive uma janela de oportunidades, uma vez que o pagamento de nossas dívidas está suspenso por conta do Regime de Recuperação Fiscal e o preço do petróleo e do dólar geram uma extraordinária arrecadação de royalties. Sem falar na venda da Cedae. Então, é hora de aproveitar esse momento para ajudar quem mais precisa e planejar o futuro, para quando os royalties caírem a gente não viva de novo a crise de 2016.
E como fazer isso?
Com o Fundo Soberano, projeto de minha autoria que já está em vigor e tem mais de R$ 2 bi em caixa. é possível o estado fazer investimentos que diversifiquem a nossa economia e que gerem empregos em todas as regiões, em especial na Baixada Fluminense, onde habitam quatro milhões de pessoas! A Baixada tem um potencial imenso, mas é preciso ocupar a nossa juventude, criar oportunidades de emprego e de estudo, qualificar os pequenos empreendedores. Como cidadão da Baixada que sou, sei que o que falta muitas vezes é oportunidade e investimento do poder público. A minha experiência em Paracambi demonstra a importância disso. Quando prefeito, praticamente zeramos os homicídios na cidade porque criamos projetos sociais para toda a população; criamos a Fábrica do Conhecimento, com cursos superiores, aulas de música, dança e artes. Ainda tem muita gente que não tem saneamento, águas, rua asfaltada na Baixada. Isso, em pleno século 21. O povo da Baixada sabe que discurso não muda a vida de ninguém.
E, caso o senhor venha a ser senador, qual seria a principal medida a ser tomada?
Atrair investimentos que gerem emprego, porque o melhor programa social que existe é uma carteira assinada. São Paulo, Minas, os estados no Nordeste sabem fazer lobby a favor de si mesmos. Nós aqui só sabemos brigar! Mais trabalho, menos blá, blá, blá, é o que eu defendo. É importante que o Senado tenha um representante que entenda o estado do Rio, conheça os problemas, e corra atrás de soluções. Afinal, ou se joga futevôlei na praia ou se trabalha!
O senhor está se referindo ao senador Romário?
Romário foi um ótimo jogador de futebol, fazia gol jogando parado, sem correr. Mas jogar parado no Senado não funciona! Ele é senador há quase oito e onde estava quando o Rio precisou se unir contra o esvaziamento do aeroporto do Galeão ou a divisão dos royalties por todo o Brasil? O papel do senador é diferente do deputado. São três senadores por estado apenas. O Romário fala que conseguiu nos quatro anos como deputado e oito como senador arrumar R$ 250 milhões em emendas orçamentárias para o Rio, mas a verdade é que nem metade disso efetivamente foi executado! Eu, em três anos como presidente da Alerj, consegui fazer uma economia de gastos que retornou mais de R$ 1,5 bilhão para o estado e para os municípios. Aqui tem trabalho sério, não é discurso! São entregas efetivas para a população.
Outro adversário que tem dado o que falar é o deputado Alessandro Molon (PSB). O senhor acha que a esquerda vai conseguir se unir em torno de um único candidato ao Senado?
Existe um acordo político entre PT e PSB segundo o qual o PSB indica o nome para o governo e o PT, o nome para o Senado. O presidente Lula já deixou claro que eu sou o candidato dele no Rio para o Senado, que ele confia em mim, porque nunca saí do PT, nem nos seus piores momentos. Ele sabe que, no Senado, vai precisar de gente firme, que não fuja de bola dividida nem jogue parado. Eu sou o candidato do presidente Lula para ajudar a devolver a alegria para o Brasil e para representar a Baixada em Brasília. Em vez de armas, precisamos de livros e cadernos. Em vez de ódio, mais amor e diálogo.
O senhor costuma ser criticado pela esquerda devido à sua boa relação próxima com o governador Cláudio Castro. Como explica a relação afetuosa que existe entre vocês?
Como presidente da Alerj, eu tenho a obrigação de dialogar com o governador e chefes de todos os demais poderes porque é disso que depende a governabilidade. Quando os poderes não se entendem, quem sofre é o povo. Eu sou um político que trata todo mundo com cordialidade e acho que, sem diálogo, não tem solução. É hora de construir pontes e não de continuar a queimá-las.