A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) oficializou, nesta quarta-feira (19), o repasse de R$ 20 milhões para obras de reconstrução do Museu Nacional/UFRJ. O termo de doação foi assinado pelo presidente do Legislativo, deputado André Ceciliano (PT) e transfere recursos do Fundo Especial do Parlamento Fluminense para a Universidade Federal do Rio (UFRJ). Para isso, foi necessária a aprovação da Lei 8.971/20, de autoria original do presidente da Casa e dos deputados Waldeck Carneiro (PT), Flávio Serafini (Psol) e Renan Ferreirinha (PSB). A celebração ocorreu em frente ao museu, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, Zona Norte do Rio.
O diretor da instituição, Alexander Kellner, agradeceu o apoio da Alerj: “O parlamento fez um gesto de peso e não apenas político. Aprendemos da forma mais dura e complexa os prejuízos, quando não cuidamos dos nossos equipamentos culturais. Mas agradeço muito ao presidente da Alerj por permitir essa celebração”, ressaltou Kellner. Ele ainda complementou dizendo que, após as obras, o museu será uma instituição de referência em acessibilidade. “O museu é um projeto vencedor e que não começou agora. Temos aqui uma oportunidade de construir uma instituição com projeções internacionais”, afirmou.
O Museu Nacional/UFRJ – que guardava o maior acervo de história natural e de antropologia da América Latina – foi destruído por um incêndio em setembro de 2018. A tragédia foi relembrada por Ceciliano com tristeza. “Poucas datas me marcaram tanto como o dia 02 de setembro de 2018. Lembro da sensação quando vi as imagens pela televisão. Esse espaço não é só do Rio, mas do mundo. Precisamos agora que mais personagens entrem em ação”, afirmou o presidente.
Ceciliano lembrou que apenas cinco instituições destinaram recursos para a reconstrução da instituição. “Hoje só temos a Vale, a Unesco, o BNDES e a AGU (Advocacia Geral da União), além da Alerj, contribuindo com repasses para essa obra. Por isso, precisamos chamar a atenção de outros parceiros, públicos ou privados. Isso é primordial. Ainda falta metade da verba para que a instituição chegue aos R$ 370 milhões necessários para a conclusão das obras.”
A instituição bicentenária é uma unidade da UFRJ, a primeira e maior universidade do país, que este mês completa 100 anos. Importante equipamento de pesquisa e ciência, ele também quer se fortalecer como ponto de atração turística para o estado do Rio de Janeiro, quando voltar a abrir ao público. Segundo a reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho, a previsão é de que, até 2022, parte do museu já esteja aberto ao público. “Com esse recurso vamos conseguir começar as obras das fachadas e dos telhados. Já estamos com o projeto executivo no seu término e devemos iniciá-las ainda esse ano”, antecipou.
Denise também destacou que será prioridade a reconstrução da área de pesquisa e pós-graduação do Museu. Atualmente os pesquisadores trabalham no Horto Universitário. “Esses alunos e professores precisam de uma infraestrutura adequada e voltar para onde sempre trabalharam. Essa será uma das nossas prioridades”, afirmou a reitora.
O presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Alerj, Waldeck Carneiro (PT), lembrou que a Alerj vem apoiando a UFRJ em projetos importantes como a produção de respiradores no período de pandemia. “A Alerj tem demonstrado em vários gestos o compromisso dela com a ciência e com o desenvolvimento tecnológico do país. O Rio de Janeiro é o estado da federação que sedia a maior parte do acervo de instituições universitária voltada para a ciência e pesquisa. Fico feliz em ver que o Parlamento está tendo a sensibilidade de entender esse caráter estratégico e contribuir para a melhoria desse equipamento”, pontuou o petista.
Para o deputado Flávio Serafini (PSol), presidente da Comissão de Educação, a Alerj tem se esforçado para fortalecer o ensino do estado. “Fico muito feliz de fazer parte desse processo de reconstrução do museu. No momento que vemos o Brasil com movimentos que negam a ciência, a cultura e a educação, saber que a Alerj colabora com a UFRJ é gratificante”, enfatizou. O deputado Gustavo Tutuca (MDB) também esteve no evento.
O presidente da Associação Amigos do Museu Nacional (SAMN), Fernando Dias Duarte, também informou que o grupo está aceitando doações para a reconstrução do espaço e reforçou que é papel da associação auxiliar em expedições, projetos científicos e zelar pelo patrimônio cultural. “Este belíssimo prédio estava comemorando 200 anos para a cultura e ciência do Rio quando foi acometido pelo incêndio. Certamente, esse aporte de R$ 20 milhões garante que o museu renasça das suas cinzas”, comemorou Duarte.
O Museu Nacional também conta com as parcerias internacionais. O governo alemão é um dos maiores incentivadores da reforma do Palácio e da reconstrução do Museu Nacional/UFRJ. Além disso, a Áustria fez uma doação de 200 peças com origem indígena para a instituição brasileira. Trata-se de uma coleção de objetos de populações que viviam no Amazonas, que foi formada pelos irmãos Anton e Karl Lukesch e integrava o acervo do Universalmuseum Joanneum, em Gratiz.
FOTOS Julia Passos/Alerj