Investimentos da Cedae para combater a poluição reduziram presença de coliformes e fizeram crescer a quantidade e variedade de peixes no local
A Lagoa Grande, local de captação de água bruta da Estação de Tratamento de Água (ETA) Guandu, em Nova Iguaçu, recuperou os padrões necessários para ser classificada como balneável, ou seja, apropriada para prática de atividades como natação e pesca, segundo os critérios da Resolução CONAMA nº 274 de 2000, a mesma usada para medir a qualidade das praias. Os níveis de concentração da bactéria E.coli baixou de 10.000 NMP/100 ml em 2022 para a mínima histórica de 250 NMP/100 ml em 2024. O limite de segurança para balneabilidade é abaixo de 1.000 NMP/100 ml.
O salto na qualidade da água é reflexo do trabalho realizado pela Cedae, em parceria com o Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inea), para reduzir a poluição dos mananciais e criar um ambiente favorável à recuperação e manutenção da fauna local. As mudanças foram registradas desde os primeiros meses deste ano e ficaram mais explícitas na semana passada, quando pescadores que normalmente aproveitam a redução do nível d’água das lagoas provocada pela parada anual do Guandu foram surpreendidos pelo aumento na quantidade e variedade de peixes e mariscos.
“Tem tucunaré, jundiá, traíra, curimatã, camarão, tilápia; tem muita fartura. O bom é que o peixe de água limpa está de volta. Isso quer dizer que a lagoa está boa de novo”, explica o pescador Vitor Ambrosioni, 41 anos, morador da região.
A melhora da água também trouxe impactos positivos para o trabalho realizado na ETA Guandu, responsável pelo abastecimento de cerca de 10 milhões de pessoas na capital e Região Metropolitana do Rio.
“Com a melhora na qualidade da água bruta, a estação reduz custos operacionais, usa menos produtos químicos e aumenta a eficiência do tratamento. Isso reforça o compromisso da Cedae com a sustentabilidade e a preservação dos ecossistemas locais, gerando ganhos sociais, ambientais e econômicos”, diz o diretor-presidente da Cedae, Aguinaldo Ballon.
A redução na quantidade de produtos químicos já vem sendo adotada pela Companhia com ganhos financeiros e ambientais e sem afetar a qualidade da água. Num único trimestre, a Cedae deixou de usar o equivalente a 5,4 mil toneladas de produtos químicos nos seus dois maiores sistemas, Guandu e Imunana-Laranjal. A medida, decorrente de novos equipamentos e processos de dosagem, deve gerar uma economia de cerca de R$ 100 milhões por ano.
Mudanças começaram em 2021
O primeiro investimento na recuperação ambiental da Lagoa do Guandu foi feito em 2021, com a instalação de bombas que transportam 3 mil litros de água por segundo, do fim do rio Guandu até a Lagoa Maior. Essas bombas reduziram a ocorrência de água parada, aumentaram o fluxo de renovação e diminuíram a temperatura da água em 5ºC, eliminando o risco de proliferação de cianobactérias, inclusive a geosmina, que altera o gosto e o cheiro da água e é preocupação constante dos gestores de recursos hídricos, sobretudo em períodos de temperatura mais elevada.
Em parceria com a Secretaria Estadual do Ambiente e Sustentabilidade (Seas) e com o Comitê Guandu-RJ, a Cedae também construiu a Unidade de Tratamento de Rio (UTR) no Rio Queimados, um dos afluentes do Rio Guandu. Em atividade desde 2022, a UTR lança microbolhas que formam uma espécie de colchão de espuma que aglutina os poluentes na superfície da água, permitindo sua retirada. O processo remove quase 100% do fósforo, principal nutriente das algas.
A Companhia ainda intensificou o monitoramento e investiu em novas tecnologias e métodos de análise da qualidade da água. O laboratório deixou de fazer apenas o monitoramento da qualidade da água tratada e passou a ser um laboratório de controle ambiental. A identificação mais rápida e precisa de eventuais contaminantes da água e o aumento na frequência dos exames permitem agir de forma mais rápida e eficaz, caso seja necessário corrigir algum problema.
“Teve bombeamento, dragagem… Hoje em dia a água está limpa, está uma maravilha, só tem mesmo o barro que é da natureza. Eu voltei a ver futuro, tenho esperança de viver da pesca e aproveitar a lagoa”, diz o pescador, que nos últimos anos foi trabalhar em obras, porque a poluição tinha feito os peixes sumirem da região.
Fotos: Luis Alvarenga